Preâmbulo
Todo princípio tem um ponto. Normalmente numa noite escorregadia em que as coisas não querem dizer nada, apenas se afastam ao contato humano, se revestem de garoa e espantam as mãos quentes. E qual seria a o motivo da teima? Uma canção: areia e mar. Os olhos miram pelas lentes embaçadas a fumaça, do expirar que se condensa. A cabeça vazia esconde fatos e escolhas. Não tem caminho. Por ali ou por lá. Ou por rodeio. O que há é intenção morta. Tensão em carne envelhecendo junto com os sonhos. Escombros do nunca construído. Encontros que levam à perdição. Há a lua, as estrelas, há a rua, os carros. Não falta cenário. Proliferam atalhos. Tantos olhos abertos sem a noção de que estão abertos. Tantas trancas falsas. Todo movimento é cálculo. Todo momento é consumido. Todo casulo é monumento. Luzes acesas. Porque não há trincheiras e nem é guerra por aqui. Há vazios plenamente aceitos e entendidos, não há porque salvar ninguém. A cédula adula a rima mais ignóbil. E muitas cédulas fazem chover. Milagres que o cotidiano inventa e sustenta a pão somente. Porque já se foram os Circos. O palhaço suicidou-se na frente da criança sorridente. E riu-se muito da última piada. Porque retratos alheios não dizem muita coisa. O que é um desconhecido atrapalhando a visão dos Andes? Pausas. Se a música fosse minha ela estaria morta. Um palhaço de lábios grandes e cabeça estourada. Como uma foda frustrada. A roda da fortuna que emperrou. Três coisas nos resumem. Dinheiro. Amor. A terceira prefere-se deixar pro fim. Quando pode acabar se apenas se esvai. A roda que não roda. E tristeza é preciso. Um atalho valioso. Como a água que volta talvez menos pura. Tristeza calculada é o último ato de coragem dos fracos. Os símbolos se perderam, se esvaziaram por um breve momento e foi aí que o produto ganhou importância entre aqueles que se diziam por fora. Quando foi? Não é uma questão de data. É uma questão de olhar no olho e não mais saber. Não é como o lampejo dos amantes, não mais. Circularidade. Secularidade. Curiosidade. Caridade talvez. Tempos de muito talvez se houver tempo. Tempo contado. Gasto e suado e caro. Tempo que tilinta. E o alarme soa falso. Satã já desistiu, se alguém quer saber, pediu perdão e goza boa saúde, apesar de reclamar do ar-condicionado. A última anedota contada foi sobre a importância de gerenciar seu próprio tempo antes que todo o tempo passasse.
Um comentário:
Eu sempre pensei em ponto, como sendo final! Bom saber q há começo...
Adoro as coisas que escreve, isso já não é segredo né?...hehehehe...
beijos
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