Da vida espero. A vida não é mais do que essa espera. A vida é sempre a separação. Do amanhã. Aparta-nos. A vida aponta. A vida colhe. A vida aborta. Em nossas mentes-cemitérios. Sementeiras de vida. Que falham. De que falam as avenidas. Dos mistérios da vida. Sabe-se tão pouco. Aponto o dedo. Descubro o medo. Que passa frio. Tremo. Eu rio. Escorro. Teme o desrespeito. Temo ser visto com ele. Elegantemente escondo-o. Hóspede
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Luminoso
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Completo
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Memorioso
Todas as noites os matadores de rosas vão. Insanos. Parecendo. Se não fosse quase santo o seu ofício. Delicados. Estrangulam-nas. E não há freio em sua jornada. Não há feio. Nada a equilibrar. Sem esforço. Sem gosto. Há véu. Silêncio. E um terceiro elemento sempre em falta. Matam o tempo. Em tacadas úteis. Arrancam úteros. Condenam mães. Mas a manhã é vermelha. E o orvalho brilha. Anuncia. Do dia não espere. Vá. É vermelho o cabelo. Velotroz da memória. Quando eu era pequeno derrubei uma garrafa e talhei a linha da vida. Qual a verdade sobre essa cicatriz sobre a palma dessa mão senão memória que não a minha. Eu era pequeno. Jamais o soluço inocente. Só a cicatriz é memória. Esse fio vermelho de sol. Solto na tela. Terá amanhã esse fogo. Chamas assim não se apagam. Esmagam as pétalas. Jardim é memória. Fugidia. Dia todo. Constante florescimento. Nem nota-se o falecimento. Tristeza que aponta. O dia seguinte. Vai florescer. E há sol. Há ela. Há tela. Há nela. Janelas-de-sem-fim. Os matadores são frios. Gelados na verdade. Diferente não. Amam o que fazem. As rosas também. Os amam. Pelo que são. Poderiam viver. Mas matadores kamikazes deixam todos os rastros. E seus restos exalam o perfume do dia. Tinto. Como um pulso. Um brilho. Tente. Levante. Uma bandeira branca. Para que o dia se misture. Tonto. Eu pincelo o silêncio. Ela na tela faz barulho. Eu no canto. Entulho. Trabalho. Quem pra velar as pétalas. Quem pra fazer cena. Quem pra gastar um gosto. De real somente. As pegadas deles. O modus operandi. Esperando eu talho. Em linhas que serão memória. As rosas não falam. Não choram. Brancas serão vermelhas. E as centelhas que ela. Derrama na tela essa dor. De parto. De morte. De tato. De corte. De fato. De sorte. De perto é pele. De resto aquece. Um rosto desliza. E avisa há lacuna. Acúmulo. E teorias. E incidência do feixe. Dilua. E louvo. Ouço o eco. É como a badalada. Si no. Senão voltar atrás. Atravesso essa linha pixelada. Picho muros de além-mar. Piso murchos pedaços de céu. Sementes de anjos. O avesso ela vê. E nada é igual. Lá e cá. Lá ou cá. Lado a lado. Os matadores cumprem a missão. As rosas cumprem o ciclo. A tela e ela negam. A morte desiste diante. E a linha desordena o caminho. O corte que é veia. Eu era pequeno. Não sabia de mim. Nem deles. Nem da linha. Veloz traz. Velotroz da infância. Distâncias impercorríveis. Memória em tintas. Ela me lembrará sempre colorido. Eu a lembrarei em letras. Eu-rascunho. Desenho de não ser. Eu pretexto. Ela integral. Quem entregue. Quem pretende. Viver as coisas do futuro. Porque ele nunca existirá mesmo. Um neologismo a mais. Laboratório intenso de presente.