Grito pra dentro. Quem ouve. Querelas. Querê-las. Pecado. Pia batismal suja. De sangue primeiro. Pioneiro vagar. Pescado santo. Pano branco. Pecando tanto. Pra quê tanto. Tempo esvazia. O mal tripudia. Hábito negro. Noite.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Aninverso
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Lacunar
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Luminoso
Da vida espero. A vida não é mais do que essa espera. A vida é sempre a separação. Do amanhã. Aparta-nos. A vida aponta. A vida colhe. A vida aborta. Em nossas mentes-cemitérios. Sementeiras de vida. Que falham. De que falam as avenidas. Dos mistérios da vida. Sabe-se tão pouco. Aponto o dedo. Descubro o medo. Que passa frio. Tremo. Eu rio. Escorro. Teme o desrespeito. Temo ser visto com ele. Elegantemente escondo-o. Hóspede
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Completo
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Memorioso
Todas as noites os matadores de rosas vão. Insanos. Parecendo. Se não fosse quase santo o seu ofício. Delicados. Estrangulam-nas. E não há freio em sua jornada. Não há feio. Nada a equilibrar. Sem esforço. Sem gosto. Há véu. Silêncio. E um terceiro elemento sempre em falta. Matam o tempo. Em tacadas úteis. Arrancam úteros. Condenam mães. Mas a manhã é vermelha. E o orvalho brilha. Anuncia. Do dia não espere. Vá. É vermelho o cabelo. Velotroz da memória. Quando eu era pequeno derrubei uma garrafa e talhei a linha da vida. Qual a verdade sobre essa cicatriz sobre a palma dessa mão senão memória que não a minha. Eu era pequeno. Jamais o soluço inocente. Só a cicatriz é memória. Esse fio vermelho de sol. Solto na tela. Terá amanhã esse fogo. Chamas assim não se apagam. Esmagam as pétalas. Jardim é memória. Fugidia. Dia todo. Constante florescimento. Nem nota-se o falecimento. Tristeza que aponta. O dia seguinte. Vai florescer. E há sol. Há ela. Há tela. Há nela. Janelas-de-sem-fim. Os matadores são frios. Gelados na verdade. Diferente não. Amam o que fazem. As rosas também. Os amam. Pelo que são. Poderiam viver. Mas matadores kamikazes deixam todos os rastros. E seus restos exalam o perfume do dia. Tinto. Como um pulso. Um brilho. Tente. Levante. Uma bandeira branca. Para que o dia se misture. Tonto. Eu pincelo o silêncio. Ela na tela faz barulho. Eu no canto. Entulho. Trabalho. Quem pra velar as pétalas. Quem pra fazer cena. Quem pra gastar um gosto. De real somente. As pegadas deles. O modus operandi. Esperando eu talho. Em linhas que serão memória. As rosas não falam. Não choram. Brancas serão vermelhas. E as centelhas que ela. Derrama na tela essa dor. De parto. De morte. De tato. De corte. De fato. De sorte. De perto é pele. De resto aquece. Um rosto desliza. E avisa há lacuna. Acúmulo. E teorias. E incidência do feixe. Dilua. E louvo. Ouço o eco. É como a badalada. Si no. Senão voltar atrás. Atravesso essa linha pixelada. Picho muros de além-mar. Piso murchos pedaços de céu. Sementes de anjos. O avesso ela vê. E nada é igual. Lá e cá. Lá ou cá. Lado a lado. Os matadores cumprem a missão. As rosas cumprem o ciclo. A tela e ela negam. A morte desiste diante. E a linha desordena o caminho. O corte que é veia. Eu era pequeno. Não sabia de mim. Nem deles. Nem da linha. Veloz traz. Velotroz da infância. Distâncias impercorríveis. Memória em tintas. Ela me lembrará sempre colorido. Eu a lembrarei em letras. Eu-rascunho. Desenho de não ser. Eu pretexto. Ela integral. Quem entregue. Quem pretende. Viver as coisas do futuro. Porque ele nunca existirá mesmo. Um neologismo a mais. Laboratório intenso de presente.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Implosivo

juniores
Imagem: Sami. Imploviso. acrílico sobre tela. 50cm x 70 cm. 2008.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Esculpido
Onde andou minha voz. Essa puta maldita. Cansada de promessas de Armagedon. Onde amarrou seus burros. Seus vícios. E uma terceira idade sempre escondida. Quem poliu minha voz. Quem pulou minha voz na sarjeta. E sorriu. Quem empalou minha voz com uma gorjeta. Quem liderou o projeto que a liberou. De mim restaram pregas mortas. Não mais cordas soltas. Morreu o violão. Não mais notas tolas. Eu fui o vilão. E a surpresa gorou na véspera. Espera até o final. Espera teu final. Os fracos dormem mesmo sem sono. E correm todo dia o dia todo. Os fracos adoram o sêmen do dono. E morrem todo dia o dia todo. Menos ela. Que prepara o café. Não sabe de nada. Da força que tem não desconta
sábado, 2 de fevereiro de 2008
Solar
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sábado, 26 de janeiro de 2008
Deserção
juniores
domingo, 20 de janeiro de 2008
Explosivo
Explodiria se pudesse. Naquela hora mesmo. Sem nenhum medo de conseqüências. Porque conseqüências só se dão quando há rastro, quando há medo e uma terceira coisa que escorre entre as pernas. Então não havia gatilho. Empunhou a espada mesmo. A que herdara de um passado grudento e sedento. Cortou sete cabeças, matando o mesmo dragão. Seguiu adiante e desligou o aparelho de tevê. Teria dito algo se tivesse o que dizer. Todos sabiam de suas saídas e de sua rotina de herói. Desde que havia explodido da última vez ninguém o questionava. Respiravam devagar na sua presença. Ele pensava em consertar isso, mas sempre deixava pra depois. Agora tomava sua xícara de chá para tentar dormir. Por vezes tinha saudade dos lençóis de outras partes do mundo. Das outras camas em que dormira ou apenas passara a noite. Mas esse era um passado mais que perfeito. Construíra esse agora com a convicção que todo herói deve ter. Uma convicção sempre pronta a ser abalada. Pra renascer mais forte e mais teimosa. Sabia que o tipo do herói é muito limitado. Se lembrava de outros tempos. Até a vinda do mestre. Aquele que nos enlaça e desgraça nossas vidas. Que nos faz ganhar e perder companheiros. Que se orgulha de nós e mostra que há nobreza na lama. Depois ele morre na mão de algum inimigo e você tem sempre que honrar sua memória. Não se tornar igual ao inimigo. Preferia o tempo dos cortes apenas. Quem sobrasse em pé apenas ia pra casa. Não havia tantas questões. Era só um tempo de experimentar. Não havia isso de sujar as mãos. Espadas eram espadas e quando tentadas elas tinham vida própria. Hoje tudo é proibido. E sempre há uma senha pra se digitar. Explodiria ali mesmo. Se pudesse. Mas seria inexplicável. Um herói tão distinto tão legítimo. Com a mente dominada. Provavelmente isso. Nada explica que alguém queira simplesmente explodir. Explodiria se pudesse. Se ousasse ter que dar respostas. Mas assim são os heróis. Essa carcaça por dentro. Esse coquetel de culpa e pânico. E, bem lá no fundo, medo de ser deixado. Esquecido. Uma lenda. Cravaria ainda a espada em quantos dragões fosse preciso. Abdicaria de si pelo bem maior. Como se já não o tivesse feito. Como faz toda noite. Deita-se e esquece os minutos dormidos. Nem o simulador de normalidade resolve mais. O Panteão lhe prometeu férias para breve. Mas há sempre uma grande ameaça rondando o mundo. Nessa hora sempre inveja os vilões, que sempre conseguem ser genuínos. Amava os vilões. Tinha orgasmos quando matava algum. Mas mais do que eles, amava uma heroína. Aquela que sempre lhe fazia explodir. Sacou a espada e cortou a própria cabeça. As chamas se espalharam rapidamente e tudo foi pelos ares. Quando sua nova cabeça aparecesse, ia ter que dar explicações. Mas, quer saber? Fodam-se!!!
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sábado, 12 de janeiro de 2008
Dancete
Hoje eu não quero a música que vem da rua. Quero a música aqui de dentro. Quero o som de sinapses. Sons que se pensam. Sons que pesam. Mais que isso. Quero painéis de sons estendidos em varais. Contando uma história que nunca pode ser linear. Quero a opacidade inverossímil de um lamento. Um trajeto outro. Um projeto inesgotável. Ouro em pó trazido das minas. Quero extirpar sinais que se cruzam. Pra que não haja infinito. Prática – não aja – sentido. De início o fim da umidade nas meias. As meias unidades de silêncio. Os meios de a humildade vingar-se. O pior castigo. Sem cruz pra humanidade. Que o eco nada traz. Demonstra o vazio alhures que se perde. Na linha da própria voz. Na esquina do universo. Onde deuses desempregados batem carteiras. E os monstros procuram subempregos. Não há mais necessidade de pregos. O anjo mecanizou o dia e a noite e saiu de férias. O último posto da burocracia divina. Então eu não quero música alguma. Danço comigo mesmo. Que me basto. Cismando em não arrastar os pés. Preso a uma inércia medieval. Comparo e compro e comprovo. O novo passou. Estourou-se o ovo de Colombo. E a floresta tem placas e irregularidades. Talvez o canto de um melro, não, de um mero pardal, emocione os descobridores dos escombros. Porque hoje sou inteiro demais pra observar. Para ouvir me exilei. Sem êxito voltei. E reluto em combater. Porque não há mais dois lados. O em cima do muro da moeda. E um tédio que não compra nada. Como não bebo no chafariz do seu sorriso. Como não como na tua mão. Como, arisco, evito o que sei que fere. Ferre-se esse tempo perdido. Todas as tripas mostradas em barracas dizem um futuro que canta na mudez. Arrisco uma tradução e um nome evade a cena. Um homem invade a sala e se estoura contra a parede de vidro. Há acordes que nunca soaram e morrem em sua mente. Música de miolos que escorre pela manhã. Eu queria sonhar. Com Marilyn Monroe dançando em frente ao carro incendiado ao lado da loja maçônica ao lado do prédio ao lado da minha casa. Queria sonhar três coisas nesta noite. Enquanto ela dança. Com o medo de acordar nu no meio da rua. Com o cão negro que abandonou meus sonhos de criança. E com uma terceira que o silêncio carcome durante o dia e vomita de noite. Esta noite estou farto de testes. Quero expor meu corpo a Delírio e deixar que o uníssono pereça na carcaça vazia sobre a calçada.
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