sábado, 8 de setembro de 2007

Estelar

O choro vende nossa alma. Quando nem sabemos o que ela contém. Cristais de segredo que se despedaçam. Não se deixam ver numa tarde de chuva. Rumam para o ralo. Estrelas mortas no buraco negro. Bueiro. Halo. A queima de corpos. Antes celestes. Antenas céleres que nada comunicam. Vermelho é aqui. Como quando os olhos se fecham pro sol. Frecham o medo mesmo no escuro. E correm as ruas notícias de amanhã. E correm às ruas os fantasmas que nunca morreram. Nunca nasceram. E esquecem que a timidez executa. Esquecem que à timidez nada intimida. Esquecem a escuta e derivam... Esquecem papéis soberbamente desempenhados. O do poeta que retorna e traz o seu grande poema cravado em suas costas. O dos espelhos que se partem sempre. E um terceiro que hesita em deixar o camarim. As cotas extrapolam os olhos. O choro que borra a maquilagem. A máquina que reconstrói o tecido de inocência. O tremor que abala a cidade deserta. Pois o shopping paira elevado. E desperta a montanha que se derretia na calma de milênios. E morre. E jaz nas casas. Nas horas. Nas rodas. Engrena o silêncio metropolitano. E avança periférica. E atropela o sonho da árvore centenária. Assim que a centelha se espalha. Do espaço, o satélite espelha os olhos marcianos. E a espada se apaga. Não mais a chama sagrada. Que só uma lágrima pura podia apagar. Ais sintetizados. Com patentes reversas. Com destinação perversa. Como um demônio que acordasse e visse uma tela das polegadas de um rei morto e dormisse como uma criança no colo materno. Mutar. Matar. Pode ser só uma questão de crença. Ativaram a doença quando o pecado nasceu. Inferno. Assinaram a sentença quando Deus retirou-se do pátio e assinou a concordata. Concordo com nada. Nego a virtude dos teus olhos. E ela acha que é só charme. Retiro o enxame de idéias. Incendeio meus cabelos. E caminho com uma calma inusitada em plena tarde de chuva. Porque só se molham os que temem. Só tremem os que pensam. E morrem os que assistem. Quem participa nunca existiu. Quem paparica muito resistiu. E versou um carinho que justifica. Pois dos justos teremos a cabeça. Mas nada do baixo ventre. Pois é justo o que se faz a quatro paredes. É justo prender as lágrimas. É justo embebedar-se numa canção abafada pelo ruflar da memória abortada. E acalmar-se quando a calma acaba, sorrateira no rodapé do céu.

Um comentário:

Nega do Leite disse...

[i] Marte...Marcianos...

Saudades de vc...

E enfim, consegui deixar um recadinho (eu acho)...prometo capirxar na próxima, vc merece...

beijos